terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A empregabilidade após os 45 anos - Parte 1


Que assunto complexo este, pensei em tantas possibilidades que decidi escrever esta pauta em várias partes, então, segue hoje a Parte 1.

Parabéns pra você....45 anos ! E agora ?

Sorte que estamos vivendo essa era de desenvolvimento no Brasil, senão o cenário seria triste. Há muitas oportunidades de crescimento por conta da globalização, o fortalecimento da imagem do Brasil no mundo que tem atraído várias empresas, a expectativa da copa, olimpíadas, o pré-sal, o turismo etc... O Brasil vive uma era de ouro, como nunca vimos. Na Europa a coisa tá feia para todo mundo, independente da idade e os Estados Unidos também não vivem seu melhor momento, ainda se recuperando da crise. Mas vamos focar no Brasil.

A partir dos 45 anos, muitas são as possibilidades. Há os que estão com os filhos já crescidos e com menos obrigações financeiras, mas há aqueles que se casaram tarde, ou pela enésima vez e que estão ainda sufocados pelas pressões dos boletos bancários...

Necessitados ou não, convenhamos, 45 anos ainda é muito cedo para "pendurar as chuteiras" não é ?


A questão é, as empresas mudaram, as gestões mudam a todo instante, e nesses altos e baixos, qualquer um pode se ver sentado na rua, com a carteira na mão e um ponto de interrogação na testa... e agora ?

Há muitos caminhos a serem trilhados nesta fase, os mais conhecidos são buscar uma recolocação em empresas, atuar como consultor autônomo em sua área de atuação, empreender em um novo negócio e investir em uma nova carreira.

Parar de produzir não é uma opção convidativa, e a pressão para não ficar "encostado" é um dos fatores que mais contribui para o desespero dos profissionais seniores.

Neste momento, a clareza é fundamental. Pensar com calma qual é o seu desejo e se este desejo é viável em função das suas necessidades financeiras é o primeiro ponto a ser considerado.

Superada esta fase da decisão, vamos considerar aqueles que optaram por continuar desenvolvendo suas carreiras e buscam recolocação nas empresas.

O marco zero é preparar bem sua "embalagem", afinal, querendo ou não, o candidato é um produto que deseja ser vendido às empresas, nada mais óbvio do que embalar direitinho esse profissional, tornando-o atraente (mas não através de propaganda enganosa) aos olhos de quem contrata.

Hoje a esmagadora maioria das empresas recebe currículos pelo site. Eu sei que cadastrar seu currículo em várias empresas consome tempo, mas como eu sempre digo "procurar emprego é um trabalho".

Nada de preguiça nesta hora ! Mencionar todos os seus atributos, suas qualificações, preencher com calma todos os campos do formulário já é um grande passo na sua apresentação. 

Digo isso porque sou headhunter, e uma coisa que eu detesto é abrir um currículo com poucas informações onde se vê o pouco investimento de tempo daquele candidato em demonstrar sua qualificação. Esforço e persistência são características apreciadas e principalmente notadas pelos recrutadores, e o contato inicial com o candidato é através do portfolio profissional, o seu currículo !

Foto também é uma questão polêmica. O ser humano é empático por natureza, por que não utilizar um recurso que faz com que sua apresentação se torne ainda mais pessoal ao recrutador ? Nem entro no mérito da beleza porque este quesito para um recrutador sério e profissional é totalmente dispensável. Todos nós podemos ter uma foto na qual  estamos bem apresentados. Pense comigo, você está selecionando um funcionário para sua casa e está com 10 currículos na mão, dos quais 4 deles têm foto. Quais currículos chamaram mais a sua atenção, quais se destacaram ? 

De volta ao currículo, há inúmeras dicas de como preencher o currículo na internet. As minhas dicas estão no Portal Elancers, acesse    http://www.elancers.net/spl_v3/dicas.asp   e bom trabalho !

Com seu currículo devidamente cadastrado nas empresas que lhe interessam, o próximo passo é investir seu tempo buscando vagas que estejam dentro de seu perfil, candidatando-se a elas. Faça do seu dia um dia proveitoso e produtivo, acorde cedo, tome seu banho, seu café, vista-se e sente no computador. Trabalhe e busque seu objetivo. 

Como diz o ditado, "cabeça vazia é oficina do capeta", então, para não bater a depressão, trabalhe todos os dias, estando empregado ou não. Funciona muito bem e sempre apoio colegas que estão atravessando esta fase com este conselho. Aliás, apoio é fundamental.

Aí, você que está lendo esse post me pergunta: E as empresas, como nos vêem em um processo de recrutamento ?

Respondo com verdade, pois  desde o post inaugural deste blog, afirmei que seria esta a minha missão. Nada de ficar falando que as oportunidades são as mesmas, porque a realidade é que não são, e todo mundo sabe disso.

Aos olhos das empresas - e nesta hora o recrutador não pode ser responsabilizado - as políticas de contratação de executivos ou não podem ser cruéis. Definem um perfil que rejeita profissionais acima de 50 anos, por melhor que seja o currículo. 

Quando sou chamada por alguma empresa para buscar no mercado um determinado profissional, refino ao máximo com o RH e os requisitantes, quais são as qualificações, experiências e fatores de perfil que este profissional deve ter. Considero a cultura da empresa, as políticas de contratação, o dress code e demais características que este profissional deve ter para ser contratado. Minha missão é colocar a pessoa certa no lugar certo. Funcionário satisfeito é produtivo e autorealizado, bom para os dois lados.

Já tive experiências em grupos informais, em que ouvi  "prefiro alguém mais jovem pois a rotina de trabalho aqui é dura e os mais velhos tem menos energia" ou " prefiro contratar pessoas mais jovens que precisem realmente do emprego, pois pessoas mais experientes não vão aguentar as pressões se não precisarem do salário" ou ainda "fulano é ótimo, tem muita experiência e trabalhou em grandes corporações, mas está muito grande para minha vaga".

Eu sei que é duro ouvir isso, mas é a verdade. Profissionais com mais idade e mais bagagem são mais maduros, mais articulados e inegavelmente dão mais trabalho para gerenciar e não é todo mundo que está disposto a isto. Seniores tem o gênio mais "forte", aguentam menos "sapos", contestam mais, e para algumas lideranças, é um trabalho que não querem ter.

Entretanto, sou uma grande defensora desta gama de profissionais, sempre  sugiro e demonstro que as oportunidades de trabalho devem ser estendidas a profissionais seniores, pois tenho absoluta certeza de que a dominância, experiência e a maturidade fazem muita falta nos níveis de comando, nos niveis técnicos e especializados. A boa notícia ? Tem surtido efeito, tenho trabalhado cada vez mais com esta faixa.

Muito bem, seu currículo está bem feito, você está antenado às oportunidades de trabalho, e agora foi chamado para uma entrevista. A esta altura você já fez muitas, sabe como se portar, mas nunca é demais dizer para não mentir nunca, não falar mal do ex-empregador e nunca, jamais, falar palavrões, gírias ou tentar criar algum tipo de intimidade com o recrutador. O ambiente neste momento é formal não comporta esse tipo de liberdade.

Eu sempre aconselho ao candidato, que ao final da entrevista, pergunte ao recrutador ou ao requisitante, o que se esperam do profissional que ocupará aquela posição, e após ouvir, conte como você poderia empregar suas qualificações e experiências naquela empresa. Você estreita seu laço com o headhunter, torna  a entrevista diferenciada e tem mais chances de evoluir no processo seletivo. Em contrapartida, também avalia se aquela vaga lhe interessa, pois se não interessar, já aconselho você a declinar para não fazer desfeita de desistir mais pra frente, desperdiçando o tempo e o trabalho alheio. 

Além de pegar muito mal este tipo de comportamento, você acaba fechando as portas para futuras oportunidades naquela empresa. Digo isso porque recrutadores têm memória e sistema para registrar qualquer informação sobre os candidatos em um processo seletivo. 

E nem cogitemos alegar que estes registros são discriminatórios. É simplemente a tecnologia a favor do recrutamento,  uma forma de sinalizar que aquele candidato não agradou, da mesma forma que riscamos da nossa lista lojas, fornecedores ou qualquer humano que não nos atendeu a contento, portanto, atenção e muita ética ao participar dos processos seletivos. Aja sempre dispensando o mesmo tratamento que você gostaria de receber. 

Bom, por hoje é só ! Na parte 2 vou falar sobre os profissionais que alçam vôo e tornam-se consultores. 

Para descontrair um pouco, deixo aqui um presente para vocês, um vídeo http://www.youtube.com/watch?v=mTAWJH_zBBg  que eu gosto muito, e que me lembra de manter foco nas épocas de tormenta. 

Lembre-se, é nas dificuldades que nos superamos.

Foco, energia, persistência, feliz 2011 !
Luciana Tegon






6 comentários:

  1. Mais sobre os "cinquentões". Li um artigo super interessante no Canah RH que fala dos profissionais pedreiros acima dos 50. Vale ler !
    http://www.canalrh.com.br/Mundos/gestaocarreira_artigo.asp?ace_news=%7b90FB0887-C01C-4624-AFA9-C6BA8BA22488%7d&o=%7b33A2FFA8-9EA1-4ED9-9908-AC0C94DA91E0%7d&sp=A@414xQNNE=KLM4.NpWU.JTT7P;MSy@@IB0

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  2. Pessoas, comentário enviado pelo Jonny sobre o Linkedin, muito oportuno !

    No LinkedIn todo mundo é campeão!

    Pesquisa feita em 85 milhões de perfís do LinkedIn apontou o uso exagerado de qualificações como: “inovador”, ‘orientado a resultados”, “resolvedor de problemas”, “empreendedor”, “rápido na realização de atividades”, dentre outras. Incluem-se aí as auto-avaliações e as recomendações solicitadas aos amigos. Para a maioria dos recrutadores experientes estas informações não passam de clichês sem qualquer importância na avaliação dos candidatos.

    Registros de realizações, incluindo datas e metas financeiras atingidas, por sua vez, são bem vistas pelas empresas, embora sejam de difícil verificação.

    No final, trata-se de um processo de concorrência, onde vence quem melhor preenche os requisitos da seleção. Se você não incluir aqueles termos outros o farão, e aí como é que fica cara pálida? Não se trata é claro de tentar enganar os recrutadores, porém as qualificações positivas serão, naturalmente, empurradas para o seu limite enquanto as negativas, serão minimizadas ou simplesmente ‘esquecidas”.

    O mesmo ocorre na concorrência entre empresas. Você já ouviu um anúncio de automóvel dizendo que determinado modelo tem boa performance na cidade, mas a suspensão não suporta bem as estradas de terra? Sem chance. O seu currículo amigo, é um peça publicitária. Ou não?

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  3. A meu ver a idade difícil para se conseguir um emprego está a partir dos 40 anos, pois quando adentrei nela foi que tudo ficou mais difícil para mim e muitos amigos. Hoje com 42 e já beirando 43, vejo tantas portas se abrindo a quem está com idade abaixo dos 35 anos e conheço poucos (ou ninguém) com minha faixa de idade que tenha conseguido, ao menos, ter participado de um processo de seleção. Também não consigo entender como muitas empresas preferem os menos experientes do que os mais. Minha ótica leva a acreditar que pessoas mais novas são mais fáceis de ser lapidadas e de aceitarem menores salários, aliado a uma carga de trabalho muito maior, mas será que trocar experiência por inexperiência não seria uma receita perigosa? Sou da área técnica (aviador) e sempre escuto das pessoas que confiam muito mais num piloto de cabelos grisalhos ao comando de um avião do que em um garoto. É notório que uma grande massa de profissionais dessa área com idade mais avançada tenham mais experiência de voo e maior facilidade a se adaptar aos problemas encontrados ao longo da jornada. Diferentemente aos mais jovens, que entram nesse mundo e demoram muito mais para obter a experiência necessária a fim de um dia tornarem-se independentes de suas habilidades e emoções. A facilidade de um piloto grisalho em se adaptar a novas aeronaves e equipamentos é muito maior e menos tempo se gasta para prepará-lo. Hoje sinto-me quase que totalmente desmotivado no ramo pois as oportunidades não aparecem e acabo tendo a impressão que sou o profissional do cadastro reserva: "se não tiver ninguém, chame esse aqui".

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  4. Olá Fred ! Hoje enviei dois candidatos para uma vaga que a Tegon está trabalhando e ambos tem 49 anos, muito qualificados. Infelizmente ainda é mais difícil empregar profissionais acima dos 40 anos, mas sou uma eterna defensora dos seniores. Quanto aos aviões, concordo também, confio muito mais na experiência de pilotos "grisalhos" especialmente no quesito separar a emoção da razão. Fred, não desista, persista, o mundo está a uma velocidade fantástica de crescimento, certamente você encontrará o seu lugar. To aqui na torcida, e conseguindo venha me dar a notícia ! Abraços

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  5. Estamos vivendo em um outro tempo. Cada vez mais estas "barreiras culturais" tem sido quebradas devido a necessidade de profissionais experientes.
    Não esta fácil como há alguns anos atrás encontrar bons profissionais e aqueles que "sobram" estão acima dos 40, "obrigando" as empresas e contratá-los e depois de certo tempo renderem-se e reconhecerem seu talento e experiência.

    Att,
    Jefferson Souza Macedo
    Blog ESTAGIANDO http://www.blogestagiando.blogspot.com

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  6. Sobre o comentário do Jonny apresentado pela Lu Tegon:
    Concordo plenamente com as colocações e acrescento que ele se constitui em um verdadeiro photoshop profissional. Entrar no Linkedin e ver, qualquer um de seus milhares de perfis, é o mesmo que ler receitas de perfeição e com o detalhe de serem "testificadas" pelos melhores amigos de seus respectivos donos.
    Um manancial de utopia venerado por candidatos e head hunters.

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