terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Rejeitar empregados com mais de 45 é ruim para as empresas

Cerca de 38% dos empregados norte-americanos têm idade superior a 45 anos, como apontam pesquisas da consultoria global de Recursos Humanos Manpower. No Brasil, outra pesquisa da PriceWaterhouseCoopers (PwC) aponta que os profissionais nessa faixa etária não passam de 24% da força de trabalho, número que deve crescer nos próximos anos, isso se as empresas finalmente superarem os preconceitos contra trabalhadores mais velhos. Segundo Luciana Tegon, sócia diretora da consultoria Tegon, empresa especializada em processos de atração e seleção de profissionais, muitas empresas não estão preparadas para lidar com profissionais mais velhos, que exigem estratégias de adaptação diferenciadas:
Se até os 45 anos o profissional não alcançou um cargo de liderança, o que é algo muito comum, ele terá chances de trabalho inicialmente no mesmo nível onde já atuava, mas a possibilidade de uma promoção dependerá de sua performance. Um problema recorrente, que é a adaptação do funcionário mais velho a um chefe mais novo, está ligado ao perfil comportamental da pessoa e não à sua idade. Muitas empresas temem que um profissional mais maduro não respeite um chefe mais novo, mas o problema aí é a atitude comportamental tanto do empregado mais velho, quanto do chefe mais novo. Se estas pessoas tiverem perfis adequados para o trabalho em equipe, esse tipo de problema não acontecerá”, assinala Luciana.
Outro aspecto que assusta as empresas está ligada a eventuais problemas de saúde que profissionais mais velhos podem vir a apresentar. Segundo a diretora da consultoria Tegon este é um receio comum, mas não é segredo para ninguém que após os 40 anos o indivíduo começa a declinar e as rotinas de exames começam a ficar mais intensas, mesmo que preventivamente:
No entanto, o fato de eventualmente precisar se ausentar para exames médicos não significa que o empregado será menos produtivo. As empresas precisam observar a performance de cada indivíduo antes de emitir um julgamento. Há profissionais mais jovens que estão o tempo todo na empresa, mas que estão desinteressados sobre o que se passa no seu entorno, mostrando-se acomodados no trabalho. Ao passo que há profissionais com 50 anos ou mais que embora eventualmente possam ir ao médico, estão motivados, têm mais experiência e conhecimento e são muito mais produtivos, compartilhando conhecimentos e interagindo com todos. Pergunto, quem tem melhor performance e comprometimento com os objetivos da empresa?”, desafia Luciana.
Vantagens – Entre as principais vantagens para uma empresa contratar profissionais mais velhos, Luciana assinala que, em regra, são profissionais já estabelecidos na vida, com filhos grandes, ou seja, com mais disponibilidade e possibilidade de dedicação do que os mais jovens com família e filhos pequenos:
Outra vantagem é que estes profissionais tem mais maturidade corporativa, lidam com problemas de forma mais sensata, pois já dominam o equilíbrio de suas emoções. Normalmente contribuem muito com suas experiências e acabam sendo "conselheiros" dos mais jovens da equipe. Da mesma forma, estes profissionais aprendem bastante com os mais jovens sobre assuntos tecnológicos e atualidades, é uma excelente troca de experiências quando temos pessoas dispostas a fazer isso e não a fechar-se em um conflito de gerações”, assinala Luciana.
Para a diretora da Tegon, com o nível de desemprego no Brasil em 5%, as empresas precisarão ampliar ampliar seu leque de possibilidades de atração para preencher as vagas, o que pressupõe olhar mais para profissionais com mais idade:

Entretanto, a questão da qualificação é um fator que deve ser tratado com atenção pois há um déficit grande de profissionais com idioma inglês e com cursos e especializações na área em que atuam. Pessoas com mais de 45 anos podem ser mais qualificadas e inclusive terem já ocupado cargos de liderança em sua trajetória profissional, o que significa dizer que já trarão habilidades de gestão desenvolvidas”, conclui.